segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Racismo institucional impede o combate à violência contra jovens negros

Quarta-feira


O racismo institucional é um dos grandes desafios do país”. Com esta frase, Larissa Borges, coordenadora do Projeto de Articulação Nacional do Plano Juventude Viva, embasou sua fala no segundo dia do 1º Encontro Nacional de Núcleos de Formação de Agentes de Cultura (NUFAC) promovido pela Fundação Cultural Palmares (FCP) em Brasília.
De acordo com Larissa, o caminho escolhido para o enfrentamento à violência racial precisa ser repensado sob o ponto de vista da prevenção. De acordo com dados do Projeto, a cada meia hora morre um jovem negro com idade entre 15 e 29 anos no Brasil, o que corresponde a aproximadamente 18.000 mortes ao ano de pessoas com esse perfil.
Ela comparou o número de jovens mortos aos dados da mortalidade infantil no país. “Reduzimos significativamente a mortalidade na primeira infância, mas não a questão da segurança. Os altos índices de mortalidade foram transferidos para a adolescência e a juventude”, disse.
A especialista alertou ainda para as tentativas “frustradas” de controle da violência e como exemplo falou das campanhas de desarmamento realizadas pelo Governo. “Os números de homicídios caíram, porém entre os jovens assassinados o número de negros ainda é muito alto, o que se caracteriza como genocídio, explicou.

Racismo, Racismo Institucional, Larissa Borges, Projeto de Articulação Nacional do Plano Juventude Viva, NUFAC, Fundação Cultural Palmares

Para Larissa, a  estratégia de enfrentamento à violência contra os jovens negros se caracteriza como um dos grandes desafios sociais. “Não é possível combater violência com agressões ou repressão “, ressaltou lembrando os inúmeros casos em que é evidenciado o despreparo da Polícia. “Com racismo não existe democracia”, concluiu.
Aperfeiçoamentos – Dentro do debate de que a prevenção é o caminho no enfrentamento à violência, o coordenador do projeto pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Felipe Freitas, comentou sobre o discurso existente de que as ações do Governo não funcionam. “As ações existem e funcionam, mas não para todos”, alertou.
De acordo com ele as comunidades tradicionais são importantes espaços de preservação dos princípios e precisam ser vistas como estratégicas. “Precisamos pensar o papel dessas comunidades no processo de educação das novas gerações”, afirmou. Ele também reforçou que os Núcleos de Formação de Agentes de Cultura (NUFACs) permitem o debate de questões como estas. ” O NUFAC é o melhor programa de prevenção à violência contra a juventude negra na atualidade”, completou.

Convite de adesão à Rede Juventude Viva



Rede Juventude Viva, Presidência da República, Secretaria de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR), vulnerabilidade da juventude negra
Imagem disponível em: participatorio.juventude.gov.br

A Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) da Secretaria-Geral da Presidência da República (SG/PR), em parceria com a Secretaria de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR), está cadastrando pessoas, entidades e grupos que tenham interesse em compor a Rede Juventude Viva. A Rede tem como intuito ser uma plataforma de diálogo, interação e mobilização entre os diferentes atores que atuam na promoção de direitos da juventude, igualdade racial e enfrentamento à violência contra a juventude negra.
Ao participar da Rede Juventude Viva, você colabora para o fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia brasileira e das instituições na elaboração de políticas comprometidas com os valores da ética e transparência, contribuindo para ampla reflexão sobre a vulnerabilidade da juventude negra.
A Rede Juventude Viva reúne informações sobre as ações propostas no âmbito do Plano Juventude Viva, divulga editais, oportunidades, eventos e promove debates sobre os temas referentes ao Plano, podendo ser organizados pela SNJ, seus membros, entidades e organizações.


Informações adicionais: Secretaria Nacional de Juventude – Plano Juventude Viva Contato:
Telefone: 61-3411-3571 \ 61-9694-2350



Combate ao racismo é tema de projetos e audiências no Senado

Guilherme Oliveira | 16/09/2014, 17h39 - ATUALIZADO EM 16/09/2014, 18h05
Reportagem retirada do site do SENADO FEDERAL: Agência Senado.

Combate ao racismo, Senado, Projetos, Audiências Públicas, Organização das Nações Unidas (ONU),Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania,

O tema do preconceito racial está em evidência no debate público. O caso da torcedora do Grêmio que chamou o goleiro Aranha, do Santos, de “macaco” durante uma partida da Copa do Brasil em agosto reacendeu discussões a respeito do problema. Mais recentemente, no último dia 12, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que o problema do racismo no Brasil é “estrutural e institucionalizado”.
Uma série de projetos em tramitação no Senado tem por objetivo coibir a discriminação racial. Além disso, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa deve realizar uma audiência pública sobre racismo no futebol.
Uma das principais propostas em discussão é a PEC 2/2006, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), que cria o Fundo de Promoção da Igualdade Racial. O fundo seria uma reserva de recursos destinada a financiar políticas afirmativas de inserção do negro à sociedade. A matéria aguarda votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde tem voto favorável do relator, Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Segundo a proposta de Paim, as verbas para o fundo viriam da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de parte das contribuições para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep).
Outra proposta que trata da destinação de recursos para políticas de promoção da igualdade é o PLS 160/2013, de João Capiberibe (PSB-AP). Ainda aguardando relator na CCJ, o projeto determina a aplicação de pelo menos 5% dos recursos do fundo partidário a programas de estímulo à participação política de afrodescendente.
Empresas que queiram firmar contratos com a administração pública também podem ser obrigadas a instituir programas de promoção da igualdade racial. PLS 234/2008, também de Paulo Paim, exige comprovação desses programas para habilitação em licitações e estabelece que, em caso de empate, seja declarado vencedor o participante que mantiver a iniciativa "mais avançada" nessa área.

Resposta penal
Outras propostas estão mais relacionadas com a criminalização de práticas racistas. O PLS 101/2014, também de João Capiberibe, determina a prisão preventiva em caso de flagrante dos crimes de racismo ou injúria racial. Já o PLS 389/2011, de Vital do Rêgo, propõe a internação de menores infratores que tenham cometido crime de racismo.
Por sua vez, o PLS 13/2004, de Paim, acrescenta a discriminação racial à lista de agravantes de outros crimes. Na mesma linha, o PLS 125/2014, de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), propõe o agravamento da pena pelo crime de corrupção de menores em caso de racismo.
Outro projeto de Paim é o PLS 337/2003, que caracteriza o crime de prática ou incitação de preconceito racial pela internet. O texto prevê pena de dois a cinco anos de cadeia e multa para esse tipo de conduta.

Audiências públicas
Além dos projetos, o debate sobre combate ao racismo continuará em audiência pública na CDH, como consequência das demonstrações racistas no jogo entre Grêmio e Santos, no dia 28 de agosto. A torcedora gremista Patrícia Moreira foi flagrada xingando o goleiro santista Aranha de “macaco”. O jogador prestou queixa e Patrícia foi levada a depor em uma delegacia. Ela pode ser indiciada pelo crime de injúria racial.
Para a audiência serão convidadas autoridades do governo federal, como as ministras Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos, e do futebol, como os presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, do Grêmio, Fábio Koff, e do Santos, Odílio Rodrigues Filho.
Temas relacionados à inclusão e à tolerância racial são debatidos com frequência no Senado. Em agosto, a CDH promoveu uma audiência para debater formas de efetiva inclusão dos negros na sociedade. Convocada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a reunião contou com a presença de descendentes do político, historiador e jornalista Joaquim Nabuco, um dos principais defensores da abolição da escravidão.

Relatório preocupante
Na últimas sexta-feira (12), a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório em que condena o atual cenário das relações raciais no Brasil. O texto, elaborado por pesquisadores que visitaram o país em dezembro de 2013, afirma que o racismo no país é “estrutural e institucionalizado” e que “hierarquias raciais são culturalmente aceitas”.
“O Brasil não pode mais ser chamado de uma democracia racial”, afirma o documento, que cita estatísticas e indicadores sociais desfavoráveis à população negra, como salários, taxa de mortalidade, expectativa de vida, índice de desemprego, nível de escolaridade e participação no produto interno bruto (PIB).
- O racismo está impregnado nas pessoas há muitos séculos. Não surpreende, já que fomos o último país do continente a abolir a escravidão – diz Paulo Paim.
O senador usa duas palavras de ordem como caminho a ser seguido para mudar a situação registrada pelo organismo internacional: reeducar e punir.
- Está provado que, quando há punição, as próprias pessoas fazem diminuir os casos. Além disso, é preciso mudanças profundas na mentalidade. Isso passa pela sala de aula, pela mídia – explica.
Para Paim, o Congresso tem avançado com a discussão e a aprovação de projetos de lei, mas há espaço para outras atitudes inclusivas na política.
- Os partidos têm poucos negros no primeiro escalão. As leis são importantes, mas todos deveriam adotar práticas exemplares no seu dia a dia – observa o senador, citando a contratação de mais profissionais negros para gabinetes parlamentares como uma iniciativa ao alcance dos colegas.










quinta-feira, 2 de outubro de 2014



DIVULGAÇÃO DE EVENTO:




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Violência racial – A tentativa de redução do ser negro

 
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  Imagem disponível em: unegroriodejaneiro.blogspot.com
Por Gustavo Fernandes e Fernando Monteiro

 
            Nas últimas décadas, a desigualdade racial existente no Brasil foi evidenciada por inúmeros estudos estatísticos, tendo como marco referencial as pesquisas de Nelson do Valle Silva e Carlos Hasenbalg, ambas de 1979. A antes idolatrada democracia racial foi desta forma desmascarada como mito, pois não condizia com os achados de pesquisa publicados por esses estudos, que indicava a existência de um processo histórico e persistente de marginalização do negro na hierarquia socioeconômica vigente.

            Contudo, as causas e consequências dessa desigualdade ainda não são objetos de consenso dentro do âmbito acadêmico, uma vez que a denúncia dessa segregação veio acompanhada de um contraponto: a noção de que, embora exista racismo na sociedade brasileira, em se tratando de relações de sociabilidade e convívio entre brancos e negros, o Brasil ainda estaria em uma posição mais privilegiada se comparado a países que tiveram uma história de intensos conflitos e violência interracial, como as leis Jim Crow nos Estados Unidos e o Apartheid na África do Sul. Todavia, relatórios publicados nos últimos anos evidenciam um fenômeno contraditório a essa noção, o genocídio do povo negro, decorrente não só da formulação de políticas públicas que deixam de contemplar esse segmento da população, o que poderia ser enquadrado como “racismo institucionalizado”, mas também da marginalização histórica que aflige a população negra que a enclausura em espaços flagelados pela miséria e pela insalubridade.

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Imagem disponível em: www.geledes.org.br
            A partir desses achados um novo tipo específico de violência surge: a violência racial, ou seja, aquela cujos processos e consequências se direcionam a um grupo racial em particular, no caso, a população negra. Rodnei Silva e Suelaine Carneiro, autores do relatório Violência Racial, uma leitura sobre os dados de homicídios no Brasil, apontam de forma pertinente de que a violência contra o negro não se esgota apenas no homicídio por ele sofrido, uma vez que “a preocupação com a violência deveria ir além da brutalidade que se encerra na morte. Ela deveria ser apreendida também no desrespeito, na negação, na violação, na coisificação, na humilhação, na discriminação [do negro].” Acreditamos ser por essa perspectiva que devemos discutir a violência a qual está submetida a população negra, de modo a poder englobar todos os tipos de violência que esse segmento populacional sofre por conta de sua posição social, tanto física quanto simbólica.
                             
                                     
            Um exemplo flagrante de violência racial e que tomou os noticiários nos últimos meses, tanto da mídia tradicional corporativa quanto nos espaços virtuais construídos pela mídia alternativa, o midiativismo, se trata das consequências causadas pela militarização em curso da periferia e da favela, que acaba resultando no acirramento dos conflitos nesses espaços, com maior número de desaparecimentos, autos de resistência e homicídios registrados. Vale destacar que tal violência atinge toda a população das favelas, incluindo brancos pobres; contudo, o processo histórico que envolve intrinsicamente a relação do povo negro com a favelização torna essa população alvo prioritário imposta pelo desenvolvimento da militarização.

Leia o artigo completo clicando abaixo.
 Postado por  Suellen De Jesus Reis

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

OIT, Organização Internacional do Trabalho, Igualdade de Gênero e Raça, Brasil, Agenda de Trabalho, Agenda do Trabalho Decente

Imagem disponível em: www.oitbrasil.org.br


Igualdade de gênero e raça, erradicação da pobreza e geração de emprego




Um Programa de Fortalecimento Institucional da OIT

A promoção da igualdade de oportunidades e a eliminação de todas as formas de discriminação são alguns dos elementos fundamentais da Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho e da Agenda do Trabalho Decente da OIT.

Uma condição para que o crescimento econômico dos países se traduza em menos pobreza e maior bem-estar e justiça social é melhorar a situação relativa das mulheres, negros e outros grupos discriminados da sociedade e aumentar sua possibilidade e acesso a empregos capazes de garantir uma vida digna para si próprios e suas famílias. A pobreza está diretamente relacionada aos níveis e padrões de emprego, assim como às desigualdades e à discriminação existentes na sociedade. Além disso, as diferentes formas de discriminação estão fortemente associadas aos fenômenos de exclusão social que dão origem à pobreza e são responsáveis pelos diversos tipos de vulnerabilidade e pela criação de barreiras adicionais para que as pessoas e grupos discriminados superem a situação de pobreza.

Gênero e raça/cor são fatores muito importantes para determinar as diferentes possibilidades dos indivíduos de terem acesso a um emprego e nas suas condições de trabalho: remunerações, benefícios e possibilidades de proteção social. Desse modo, gênero e raça condicionam a forma através da qual os indivíduos e as famílias vivenciam a situação de pobreza e conseguem ou não superá-la.

A erradicação da pobreza vem sendo considerada uma das maiores prioridades para a construção de sociedades mais justas, assim como vem aumentando o reconhecimento de que as causas e condições de pobreza são diferentes para homens e mulheres, negros e brancos. Por isso, estão sendo realizados esforços para que as necessidades das mulheres e negros sejam consideradas de forma explícita e efetiva nas estratégias de redução da pobreza e nas políticas de geração de emprego e renda.